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Chegamos ao centésimo artigo que escrevo para esta página do nosso Diário de Santa Maria, a cada 15 dias. Quando o Diário foi assumido por empreendedores de Santa Maria, em 2017, veio o gentil convite para escrever quinzenalmente junto com tantos outros colaboradores. Hesitei um pouco. Tinha o receio de não conseguir honrar o compromisso em razão de problemas de saúde que enfrento desde 2010. Resolvi arriscar e eis que aporto ao centésimo sem nunca ter sido necessário falhar.
Este espaço tornou-se a atual exclusiva oportunidade de expor ideias, além de eventuais opiniões em redes sociais. Sou, desde a juventude, escravo de ideias e ideais em cujo altar foram imolados prazeres, sentimentos, oportunidades, relações humanas, saúde. Fui seu megafone das assembleias estudantis às tribunas parlamentares.
Escrevi nalguns dos maiores jornais do país e publiquei em tantas obras acadêmicas. Tudo isso no século XX. Agora, recolhido à prorrogação da vida que a ciência médica oportunizou após fulminantes eventos cardiovasculares, encontro nesta página a oportunidade de ainda expor opiniões e ecoar no cérebro que tenho vida e pensamento.
O melhor de tudo é que me comunico especialmente com Santa Maria. Vim da Fronteira, da querida terra-mãe Quaraí, menino com formação moral e ética. Aqui me tornei um ser comunitário, político no grande sentido, consciente e ideologizado. Por aqui vivi sentimentos juvenis, amores e saudades, sonhos e desilusões. Em suas ruas, escolas, faculdades, igrejas, praças, repúblicas estudantis, bares, amadureci. Daqui parti em 1974 para Brasília, ainda jovem, com um mandato popular.
A Santa Maria que me recebeu na gare ferroviária no início da década de 1960 recém ostentava o então único "arranha-céu" e via ser criada a primeira universidade federal fora de uma capital de Estado (hoje são tantas!). Tinha as bandas estudantis (minha paixão), um trânsito tranquilo, mas uma juventude já buliçosa e criativa.
Estive em Santa Maria no 15 de novembro para votar. Elegi o vereador (Parabéns! Tenho certeza que a Câmara se engrandece com o seu retorno, Dr. Werner!). Cada vez que vou me espanto com o crescimento. E temos a travessia urbana com seu exagerado número de obras de concreto (seriam necessários tantos viadutos? Confesso que o excesso de concreto nas cidades me oprime).
Não irei para o segundo turno neste domingo. Em tempos de pandemia, a viagem de um idoso acumulado de fatores de risco exige logística envolvendo familiares. Acompanharei à distância, desejando a quem for escolhido pelo eleitorado que tenha uma profícua gestão nos próximos quatro anos. Santa Maria merece e necessita. E que este articulista possa estar presente por aqui nos próximos anos.
Recebo, vez por outra, o carinho do retorno generoso de leitores. A todos(as) agradeço a paciência em ler os recados de um idoso idealista e inquieto, tal qual quando era jovem em Santa Maria.